sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FUNK É CULTURA. ALGUNS ACHAM QUE NÃO

Extraído de O Globo on line de hj:

" Em pesquisa publicada no site do jornal O Globo, a maioria dos leitores se mostrou indignada com o projeto de lei da Câmara, apresentado pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que define o funk como "forma de manifestação cultural popular" e determina que o poder público garanta as condições para a democratização da sua produção e veiculação musical. As justificativas para o protesto foram muitas e variadas, mas a palavra "violência" apareceu muitas vezes no quadro de opiniões.


"Seria o cúmulo da vergonha considerar um tipo de música tão vulgar e ridícula como forma de manifestação popular. É forma de manifestação do mau gosto.Isso sem falar que os bailes funk servem para ajudar a financiar o tráfico de drogas, coisa que todos sabem, com letras que fazem apologia à violência, ao crime e à prostituição", declarou a internauta Lilian Santos.


Para o leitor Marcelo Pereira Lopes, o funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade: "Sou completamente contrário a esse projeto (...) Quem não gosta do funk e tem a infelicidade de morar próximo a lugares onde se realizam 'bailes', não podem reclamar do barulho excessivo após as 22h, recebendo, muitas vezes, ameaças à sua integridade física. Não quero dizer com isso que todos os funkeiros estejam envolvidos com o crime ou com drogas diretamente, mas estão ligados a esse mundo ao se associarem ou se identificarem com as pessoas que nele vivem e compartilharem" .


Alguns leitores citaram outros estilos musicais na hora de dar sua opinião. Foi o caso de Sérgio Boche: "É lamentável que a música brasileira tenha chegado a esse ponto, depois de ter encantado o mundo com a bossa nova, o chorinho. Nomes como Tom Jobim, Luiz Gonzaga e Cássia Eler, entre muitos outros, foram esquecidos. Creio que seja o reflexo da falta de cultura de um país que tem um ensino sucateado pelas aprovações automáticas. O que esperar de um indivíduo que se submete diariamente a um pancadão? Pior ainda é ver nosso tributo se perder em mais uma lei 'entulho' para atrapalhar a votação de assuntos realmente importantes para a nação."


Na justificativa da proposta, Chico Alencar enfatizou que o movimento funk reúne mais de 1 milhão de jovens todos os fins de semana, apenas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Marlboro, que pediu a Gilberto Gil durante seu mandato no ministério da Cultura para que desse uma "chancela" ao funk, foi além, lembrando que o funk gera empregos. O DJ lembrou da pesquisa, divulgada neste dezembro pela Fundação Getúlio Vargas (FVG), que mostrou que o funk movimenta cerca de R$ 10,6 milhões por mês, totalizando R$ 127,2 milhões por ano. "

É impressionante como mais uma vez esta corja reacionária se insurge contra o que vem do andar de baixo. Da mesma forma que também cospem seus marimbondos para cima do Rap, da mesma forma que não consideram o grafite como manifestação de arte plástica. Os mesmos que aplaudiram o fascista que há anos atrás chutou uma escultura de areia na praia de Copacabana. Esta mesma gente, se vivesse há 50 anos atrás, diria que o samba é "coisa de criolo vagabundo". Afinal, qualquer manifestação cultural proveniente de favela e da raça negra, na ótica deste povo, não pode ser reconhecida como cultura. Acontece, que estas manifestações de cultura existem, independente dos "achismos" e merecem ser respeitadas e garantidas pelo poder público.

Da mesma forma que não se deve associar a música eletrônica ao uso e tráfico de drogas, razão pela qual, arbitrariamente, foi cancelado o reveillon da praia de Ipanema. Mas com relação à música eletrônica, por vir da Europa, ser produto de consumo principalmente das classes médias e alta, não existe este preconceito que existe com o funk e o Rap. São essa pessoas, que há 6 anos tem que tomar o sonrisal assim que acordam e, abrindo o jornal, se lembram que um ex-operário ocupa a cadeira presidencial com o maior índice de aprovação da história da república.

E para terminar, falando em preconceito contra a arte do andar de baixo: Finalmente a justiça de SP libertou a pichadora Carol, depois de 53 dias presa ( pena que não seria imposta em caso de condenação por ser um delito de pequena monta). Agora os reaças vão descer o cacete no Tribunal de Justiça. AAAAAARGH!

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