sábado, 2 de maio de 2009

EU SOU DE BOTAFOGO.....MAS TORÇO PELO MENGÃO!

Em abril de 2005 publiquei no site Bocada Forte, o maior portal latino-americano dedicado ao Hip Hop um artigo entitulado "EU SOU DE COPACABANA", pois na época eu lá morava. Como há dois anos retornei para o bairro onde fui criado, fiz a devida correção. O que vai se perceber é que, passados 4 anos, a mentalidade da chamada "galera do Rap" praticamente não mudou e ainda aparecem, para completar, umas figuras totalmente obtusas que parecem literalmente de outro mundo, falando do umbigo dos outros sem antes verificar o seu para ver se está sujo. Vamos ao texto:

"No último dia 31 de março, postei no PONTO DE VISTA do BF a lembrança do 41° aniversário do golpe militar no Brasil, que jogou o país na mais profunda repressão da história pátria, calando toda uma geração e coloquei a importância da lembrança daqueles "tempos negros", onde aqueles que eram contra o sistema eram presos, torturados e mortos, para que esta triste página nunca mais retorne à nossa realidade, hoje democrática.

Em um dos comentários ao meu ponto de vista, me chamou atenção o maniqueísmo, a ignorância e, porque não dizer a má-fé de uma pessoa que se auto-intitula do "movimento negro". Esta pessoa alegou que ao me referir à "tempos negros" exibi um racismo oculto por colocar o termo "negro" como sinônimo de ruim. Ora, isso é querer manipular ou enxergar o que não existe. O termo "tempo negro" deriva da própria meteorologia, pois quando vem chegando a tormenta (como foi a ditadura militar) o tempo invariavelmente escurece. Onde está o racismo???

O racismo está naquele que quer enxergar o racismo em tudo e todos, que quer colocar uma situação extremada num país como o Brasil, onde existe racismo sim e cuja a dívida com os afro-descendentes é enorme (apesar das lágrimas e do pedido de desculpas do presidente Lula na África). Porém o racismo que vem assolando a Europa com os resquícios do nazi-fascismo que teve no velho continente o seu berço, aqui no Brasil é tipificado como crime e vem sendo combatido pelos cidadãos conscientes que o denunciam (como o jogador Grafite) e pelas autoridades que processam o racista.

O racismo existe e deve ser combatido e denunciado, porém as pessoas procurarem racismo em tudo, acaba promovendo o racismo que diz combater, pois provavelmente a reação do tal "membro do movimento negro" não seria esta se eu não fosse branco. Infelizmente este racismo existe dento do RAP. Por mais que o cara represente a cultura, por maior que seja o seu talento ou valor, no final por grande parte da tal "galera do RAP", sempre acaba rolando o comentário: "é, mas ele é branco". E são vários os talentos brancos do RAP: Marechal, De Leve, Paulo Nápoli, Zé Gonzales, DJ Hum, DJ Pachu, DJ Tamenpi, entre outros. Esse tipo de coisa vem à tona com pequenas coisas, pequenos comentários, coisa de gente de alma pequena, mas existe.

Outra coisa: todo mundo que aparece no cenário RAP é "aproveitador", "aventureiro", "playboy", "racha-cara" e outros adjetivos. Todo mundo vai pro RAP para se aproveitar dele e se dar bem. Aí eu pergunto: tirando o D2 (que já era famoso por ser vocalista do Planet Hemp), quem se deu bem de verdade economicamente fazendo RAP???? Racionais??? MV Bill??? Cabal??? Xis???
Aonde está este pote de ouro chamado Hip-Hop que todo mundo que entra fica milionário?????? Lá fora pode até existir. Aqui quem souber me mande o endereço.
Mas mesmo assim, o zé-povinho desce o cacete em qualquer um que tenha destaque. O Bill foi no Faustão, neguinho malhou, o D2, coitado, nem se fala, no De leve tambem baixaram o pau, Vinimax ídem e por aí vai. é só começar a subir a escada que vagabundo joga pedra.

É por isso que o bagulho não consegue ir para frente, pois quando um artista do RAP consegue um destaque na mídia ou quando assina contrato com uma gravadora grande, em vez de ser comemorado como uma conquista para o RAP nacional, é tratado como "traidor", "vendido", "mó comédia", etc. Afinal, pelo que vejo por aí - com várias exceções logicamente - o cara "ser do RAP" deve ser um status que realmente abre as portas da fortuna, pois para "ser do RAP" você tem que passar pelo crivo daqueles que se julgam suficientemente representativos para fazer julgamento de seus propósitos aceitando você ou não.

Tendo adotado o "estilo foda-se" do De Leve, sigo fazendo minha correria que tem 25 anos de militância ativa, desde as "Diretas-já" em 84 até o movimento dos DJs cariocas contra a taxação do vinil importado, que tem manifestação pública marcada para o próximo 1° de maio do Rio, organizando as batalhas de MCs com boa premiação, promovendo a cena carioca, fazendo tudo de coração. Ganho dinheiro com isso?? Lógico, pois é meu trabalho e trabalho tem que ser remunerado, se não é escravo e isso é proibido desde a Lei Áurea. Mas diante de tanta cois obtusa por parte desde contingente chamado zé-povinho, hoje em dia quando me peguntam: "Você é do RAP???"" eu respondo: "eu sou é de Botafogo, mas torço pro Mengão"

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Glossário - Zé Povinho, na linguagem do Rap é o equivalente à "gentinha", pessoas que vivem de falar mal dos outros e provocar intriga.

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