quarta-feira, 15 de outubro de 2008

HIP HOP E ELEIÇÕES

Como nuitos sabem, fui candidato à vereador aqui no Rio de Janeiro pelo PCdoB, representado a Nação Hip Hop Brasil. No país inteiro foram mais de 30 candidatos ligados ao Hip Hop, incluindo um candidato à prefeito, o Aliado G do grupo Faces da Morte, em Hortolândia – SP.
Aqui no Rio, apesar de ser o único candidato ligado ao Hip Hop, ao contrário de São Paulo, onde teve vários, obtive 522 votos. Verificando os mapas de votação, verifiquei que 80% dos votos vieram aqui da minha área, Botafogo, bairro onde moro e fui criado. Como também tenho ligações estreitas com o jiu-jitsu, esporte onde atuei como dirigente da Liga Carioca, professor e atleta competidor e onde estava com o apoio de pelo menos 4 academias, chego a conclusão que os votos provenientes do Hip Hop foram praticamente nada.

Vejo a votação do mano Nuno Mendes, que há tantos anos ajuda a divulgar o Rap nacional na FM 105 em São Paulo: pouco mais de mil votos.

Tudo bem que as eleições deste ano, pelo menos aqui no Rio foram um bagulho pesadão, onde o poder econômico e, principalmente, a compra de votos, dominaram a cena. O povo, já desiludido com os políticos tem o seguinte raciocínio: “é tudo safado mesmo, então vou votar naquele que me adiantar algum”. Mas o que se verificou, mais uma vez, foi a falta de união do povo do Rap. Não que eu esperasse milhares de votos, mas um candidato DJ, apoiado por gente representativa da cena como Marechal, Aori, Funkero, André Ramiro, DJ Negralha, Acme (grafiteiro), DJ Pachu e DJ Tamenpi, entre vários outros, deveria obter mais votos. Ainda mais que focamos a campanha na tecla da construção da “Casa do Hip Hop da Lapa”, compromisso assumido pela candidata à prefeitura do PCdoB, Jandira Feghali (que ficou em 4° lugar com mais de 300 mil votos) e também na questão da inclusão dos elementos da cultura em oficinas de extensão cultural nas escolas municipais.

Aí fica a avaliação: será que valeu a pena tanto desgaste? Eu respondo: valeu. Valeu por mostrar que o Hip Hop pode ter sim seus candidatos, gente preparada para defender e debater seus pontos de vista. Valeu por colocar nossas propostas para a sociedade, propostas estas que no futuro, poderão ser aproveitadas por algum prefeito, beneficiando à todos. E, fundamentalmente, valeu a pena, porque desafiamos sim ao sistema, numa luta desigual do tipo Davi e Golias e dissemos em alto e bom som que sim, existem pessoas que enxergam na política uma forma de tornar a vidas das pessoas um pouco menos injustas. A via eleitoral é só uma frente da batalha política, que se desenvolve diariamente nas quebradas, nas escolas, nas fábricas, nas ONGs e na correria de todo aquele que luta por uma sociedade mais inclusiva, sem tantas disparidades e desigualdades.

A grande diferença de nós, guerreiros de fé, é que, independente do resultado nas urnas, saímos sempre vitoriosos, de cabeça erguida, pois sabemos que cumprimos nosso papel revolucionário, semeando nossas idéias para que elas cresçam, se fortaleçam e criem raízes. Uma das sementes que foi plantada aqui, foi a da organização da Nação Hip Hop Brasil no Rio de Janeiro, que iremos desenvolver para, no futuro, termos um núcleo forte e militante para desenvolver nossas demandas em todas as frentes possíveis.

A luta continua. Hoje e sempre. Um abraço e paz à todos

Nenhum comentário: